Um monumento curioso, que chama a atenção, que há mais ou menos, uns 15 anos atrás era ponto de diversão de jovens, de encontros de casais e, que hoje, diga-se de passagem, é lugar para os vândalos se “acomodarem”. É um local que está dentro de uma simbologia de um dos movimentos mais importantes do Brasil e o que merece maior destaque em Belém: a Cabanagem.
Há algum tempo atrás, cerca de 10 anos, quando se falava em construir um túnel – para melhorar o fluxo de veículos, idéia que não deu certo - o monumento deixou praticamente de ser visto pelo povo, “apreciado” apenas pelos que se arriscam a atravessar aquela passarela cheia de fezes, lixo e com rampas quase intermináveis. Considerado pelos historiadores como um ponto importantíssimo da história brasileira, a Cabanagem, infelizmente, hoje e há anos atrás é lembrada por muitos somente pelo bairro em que se encontra: o Entroncamento, referência de stress no trânsito de Belém, pois lá é um ponto em que o fluxo é altamente complicado, nas chamadas “horas do rush”. Hoje em dia, quase em todas as horas e em vários pontos de sua rotatória.
A Cabanagem (1835-1840), também conhecida como guerra dos Cabanos, foi um movimento de caráter social ocorrida na Província do Grão Pará. A denominação Cabanagem remete às cabanas, tipo de habitação da população ribeirinha mais pobre, formada principalmente por mestiços, escravos libertos e índios.
Entre as causas dessa revolta citam-se a extrema miséria do povo paraense e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil. Assim, na rebelião, somava-se aos paraenses miseráveis, a elite fazendeira do Grão-Pará, que embora morasse muito melhor, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste.
Os cabanos buscavam, através da criação de uma república própria, separando-se do Império brasileiro, maior estabilidade e autonomia política, além de melhores condições.
Os cabanos buscavam, através da criação de uma república própria, separando-se do Império brasileiro, maior estabilidade e autonomia política, além de melhores condições.
Para comemorar o sesquicentenário da Cabanagem, que foi em 7 de janeiro de 1985, foi projetado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer a pedido do então governador do Pará Jader Barbalho, o monumento que tem cerca de 15 metros de altura por 20 metros de comprimento, todo composto por concerto, erguido no complexo do entroncamento. O monumento tem como definição uma rampa elevada em direção ao céu, com uma pontuação inclinada e apontada para o seu fim. No meio tem uma espécie de “fratura”, de “quebra”, e este pedaço que falta, digamos assim, está no chão.
Segundo Niemeyer, a obra representa a luta heróica do povo cabano, que foi um dos movimentos mais importantes de todo o Brasil. A rampa elevada em direção ao céu representa a grandiosidade da revolta popular que chegou muito perto de atingir seus objetivos e a "fratura" faz alusão à ruptura do processo revolucionário.
O nosso antigo governador, bem que estive com um propósito bom a respeito do fato histórico abordado, mas a homenagem feita a Cabanagem é deixada de lado pelo povo e pelos poderes públicos não dão o devido respeito que a própria história merece – se é que a História do Brasil merece-, que poderia ser um ponto turístico de grande valor, ausentando o ato de cuidar, de tratar, de prestar serviços de limpeza, segurança, deixando o local entregue aos vândalos, a esmo para o que der e vier.

